Devon
– Procurar
e Encontrar
...
O jovem caminhava pela calçada da metrópole,
cercado por prédios e coberto pelo céu cinza. Uma garoa fina caia e molhava o
chão e as pessoas a sua volta deixando pequenas gotas de água nas lentes de
seus óculos escuros. O rapaz chegou a entrada de um café e livrou-se de seus
óculos para poder procurar melhor a mulher a quem havia vindo encontrar. Sem vê-la
decidiu entrar e ocupar uma das mesas. Trajava uma jaqueta marrom de couro
sobre uma camiseta vermelha na qual se via, estampada com tinta preta, os
contornos de uma gueixa próxima a uma cerejeira e jeans escuros, gastos nas
barras e com uma corrente pendurada ao lado. Uma das garçonetes impressionada
com a beleza do jovem se aproximou rapidamente para atende-lo. Enquanto anotava
o pedido (um chocolate quente com creme e uma torta de maçã), a moça reparou
longamente nos cabelos escuros, repicados e compridos até o ombro com uma
franja que persistia sobre o olho direito do moço. Notou também os lábios
grossos e o verde intenso do olho esquerdo á mostra:
–Trarei
seu pedido em um minuto. – Disse a garçonete em tom gentil – Deseja algo mais?
– Não,
obrigado. – Respondeu o jovem com um grande sorriso.
Ele sabia
que a moça havia notado sua beleza estava interessada nele. Ela era uma garota
bonita, não deveria ter mais do que vinte anos, pele morena e sem marcas,
lábios carnudos olhos grandes e castanhos, da mesma cor de seus cabelos
encaracolados presos em um rabo de cavalo. Infelizmente ele não teria tempo
para dispensar com a jovem, não importa quão atraente ela fosse.
No exato
momento em que a jovem lhe trouxe seu pedido o rapaz percebeu a chegada da dama
que estava aguardando. Descendo as escadas que davam para o segundo andar do
café se via uma mulher negra, de aproximadamente trinta anos, usando um longo vestido
marrom. Mantinha seu cabelo Black Power preso
por um lenço verde musgo que combinava bem com os brincos de argola e o
bracelete, ambos de ouro fosco, que usava.
– Bom
dia, Devon. – Disse, sem muita emoção, ao se aproximar da mesa onde o rapaz
saboreava sua torta de maçãs.
–Olá,
Rose, bom dia. – Devon respondeu com um breve, porém verdadeiro, sorriso –
Aceita alguma coisa para beber ou comer?
– Café. Puro, por favor. – respondeu educadamente.
Devon
Chamou a garçonete que anotou o pedido e não conseguiu evitar parecer um pouco
desapontada ao vê-lo acompanhado. Tanto Devon quanto Rose deram um pequeno
sorriso ao notarem isso. Era engraçado como todos sempre pensavam que eles
estavam namorando ao vê-los juntos.
Devon
indagou gentilmente:
– E então
Rose, como estão as coisas com você? O trabalho aqui no café vai bem?
– Tudo
vai bem, obrigada. Creio que você ficará satisfeito ao saber que eu encontrei
todas as peças das quais você precisa. Estão juntas em uma mesma cidade, oque
facilitará sua empreitada. – Rose disse de forma direta.
– Eu
simplesmente amo mulheres que vão direto ao ponto. – Devon sorriu.
– Tempo
não é algo que possamos nos dar ao luxo de desperdiçar, Senhor. Ainda mais com
as viagens que fazemos. – Rose disse com uma pausa para beber seu café.
– Você
foi a Avalon recentemente? – Devon perguntou, parecendo levemente entristecido.
–Há duas
semanas. Usei a água do lago em uma bacia de prata para confirmar a informação
que recebi em meu sonho. As peças chave para sua missão se encontram em uma cidade
que tem o mesmo nome de uma mulher encantada.
Devon
assentiu com a cabeça. Ouvir a vidente dos sonhos dizer (mesmo que de forma
enigmática), onde encontraria o que precisava, já o permitia ver, por si só,
exatamente o que ela queria dizer. Lugares e rostos se formavam em sua mente
dando vida e completando o significado das palavras ditas pela mulher.
–
Devon... Eu preciso lhe perguntar, Estais vós, senhor de Avalon, tão
enfraquecido para precisar de minhas previsões e buscas no mundo dos sonhos? –
Rose Perguntou com seriedade.
Devon
torceu os lábios e deu um suspiro. Respondeu olhando-a nos olhos e neste
momento Rose os viu mudar do verde brilhante e humano para o púrpura profundo e
escuro que apenas seres mágicos poderiam assumir. Devon a estava mostrando que
dizia apenas a verdade, naquele momento, e abria as janelas de sua alma para a
visita da vidente:
– É um
fato que estou enfraquecido Rose, mas eu nunca tive o poder de fazer as buscas
que você faz. Minhas visões funcionam de forma diferente e a totalidade de meu
poder não provém de Avalon. Por isso sua ajuda se fez necessária. Quando eu
estava mais forte eu podia ajudar a sustentar o lugar só com minha presença,
mas agora eu estou precisando da magia de lá para me manter.
Devon fez
uma curta pausa e continuou:
– Com a informação que você me deu eu posso
iniciar o plano para restaurar o equilíbrio mágico de alguns reinos antigos...
E meu próprio poder.
– É seu
dever, como senhor de Avalon, mantê-la viva e eu compreendo que para tanto
tenha de passar longos períodos fora da ilha, mas seu povo tem perguntas...
Bem, todos os que não estão bebendo, dançando, ou amando em volta das
fogueiras, têm. – Rose disse de forma amena.
– Tudo
oque eu lhe disse você pode repetir a eles caso te perguntem. – estabeleceu
Devon sossegadamente enquanto terminava seu chocolate quente com uma felicidade
quase infantil. – E diga a eles que eu sinto saudades, ok? – completou.
– Eu
direi.
–Ah, e
isso... – Devon disse ao tirar um pequeno saco de veludo negro de um dos bolsos
da jaqueta. – É para você, por sua gentil e eficaz contribuição.
Devon
sorriu e piscou um olho ao entregar o pacote à mulher, que o recebeu e abriu no
mesmo instante. Um pequeno vidro contendo um líquido azul cintilante estava
agora nas mãos de Rose.
– São memórias
imersas em lágrimas de uma gueixa. Eu tive de ir até o Japão para conseguir um
desses! Tive de inventar uma boa desculpa para o Jornal bancar a minha viagem.
– Concluiu Devon levantando as sobrancelhas.
– Então
foi lá que conseguiu a camiseta? Muito bonita. – Rose apontou com um sorriso – Obrigada.
– Eu quem
agradeço. – disse o rapaz levantando-se.
Beijaram–se
no rosto e seguiram cada um em uma direção, Rose para as escadas de seu
escritório e Devon para a saída do café, em direção ao centro da cidade. Ele realmente
gostava daquela parte de Londres, infelizmente já era hora de ir para lugares
mais quentes, distantes da terra da Rainha. Discou um número em seu celular e
fez seu pedido a atendente:
– Uma
passagem de avião para a cidade de Prudência.
...
cidade de Prudência?? hihi ;)
ResponderExcluirEu me lembro desse texto!!!!!! ahuauhuaih, muito bom
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