A Respeito da Morte


"Pessoas morrem a sua volta! como isso pode não importar!?"

                                                           Elena Gilbert - The Vampire Diaries


O texto a seguir foi lido por apenas uma pessoa além de mim. Ontem. Eu o escrevi pouco depois de uma fatalidade ocorrida há alguns anos quando uma boate pegou fogo o que culminou em centenas de mortos. A mídia caiu matando e nas redes sociais as pessoas se dividiam entre os que choravam e faziam drama como se tivessem sido profundamente atingidos, os que faziam piada e seguiam adiante e os que não davam a mínima. Eu fui afetado o bastante pelo acontecimento para escrever algo e guardar durante anos sem mostrar para ninguém. Acho que agora é hora de mostrar o que foi feito e esperar pelo retorno.
Abraços,
-Miguel

A Respeito da Morte

Pessoas morrem todos os dias. Por razões mais ou menos estúpidas, em maiores ou menores grupos. Deixando saudades. Sozinhas. Sempre em grandes quantidades. E de repente todo mundo sente uma profunda empatia por um caso, como se ninguém morresse nunca! Como se não houvesse milhões sofrendo a dor da perda de alguém a cada dia.

Eu não sinto. Eu não me importo. Eu sou indiferente. Talvez nem tanto... Eu simplesmente não sinto isso me afetar muito mais do que qualquer outra notícia sobre a morte de completos desconhecidos. Sabe, a dor de quem perde um ente querido não é maior ou menor por quantos pereceram ou não ao lado da pessoa pela qual ele se importava. Uma dica legal? Seja uma pessoa melhor para com os vivos! Aqueles perto de você, daí quando alguém morrer lá na puta que lhes pariu, você não terá de projetar sua culpa, seu carinho fora de hora e seus arrependimentos sob os cadáveres de completos desconhecidos com os quais você não tem a menor relação.

Peyton Sawyer de One Tree Hill como o Anjo da Morte.

Respeite as pessoas em vida, e claro, respeite-os na morte também. Não só as em massa e televisionadas com músicas tristes para fazer com que você se emocione e dê ibope. Respeite a morte do dia a dia. Dos idosos, dos doentes, dos que são pegos por eventualidades, pela violência, pela fome. Dos que estão tão feridos que buscam por ela, dos que são vitimados pelas guerras de qualquer tipo. Não é diferente. A morte em si é sempre igual. É alguém sendo apagado do nosso mundo e que não irá mais fazer escolhas, provocar reações, pentear o cabelo, fazer algo para outros sorrirem, chorarem ou se irritarem. É um vazio que nunca mais será preenchido, pois o mundo não é o mesmo com uma pessoa a menos, é outro completamente diferente. As pessoas que morrem são diferentes, as causas são diferentes, quem se importa ou não, quem sente falta ou não, se alguém chora ou ri, isso tudo é diferente, mas a morte e a perda são sempre iguais.


Porém o seu mundo só muda se ele foi diretamente atingido por essa perda. E eu não me importo, pois ninguém me significava nada ali, e seria diferente se fosse alguém da minha família e seria diferente se fosse alguém que eu amo. Então eu respeito, mas não respeito mais ou menos do que a morte de qualquer outro.

-Miguel

Comentários

  1. "Primeiro, as cores.
    Depois, os humanos.
    Em geral, é assim que vejo as coisas.
    Ou, pelo menos, é o que tento.

    EIS UM PEQUENO FATO
    Você vai morrer.

    (...)

    REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO
    Isso preocupa você?
    Insisto - não tenha medo.
    Sou tudo menos injusta.

    (...)

    Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente." (A menina que roubava livros; pág.08)

    ResponderExcluir

Postar um comentário