Gregory – Parte 02

Sem necessidade de mais espera! :D Aqui vai a parte dois (se você não leu a parte um clique aqui) da apresentação do Gregory para fechar bem o domingo. Ah, e se você leu e gostou, saiba que Gregory, Veronica e Savant fazem parte do mesmo cenário então vocês não só verão mais deles como em breve verão algumas interações. ;) Abraços e boa noite,

–Miguel

Gregory – Parte 02: Clichês

Mesmo estando as costas deles, Gregory sentiu a face dos homens mudar. O som, o cheiro que exalavam... Vampiros, e do pior tipo. Sim, havia mais de um tipo. Esses dois eram o tipo mais ordinário, sanguessugas sem alma, essência demoníaca que possuiu um corpo humano após esse ter morrido com sangue de vampiros da mesma espécie no sistema. Burros de doer, e normalmente jovens. Nem mesmo os outros monstros gostavam desse tipo e eles não eram poderosos o bastante para se defender contra ataques de companheiros insatisfeitos como algumas outras espécies de vampiros eram, assim costumavam durar pouco mas, ainda assim eram perigosos para pessoas normais.

– São só dez e meia da noite. – Gregory soltou exasperado – E mesmo que fossem três da manhã, isso não tornaria o que vocês disseram menos sexista e estúpido. O lado bom é que seu tipo, eu posso matar por isso.

Os homens se voltaram para a direção do rapaz que se encontrava, parado na entrada do beco olhando para seus rostos deformados e com presas salientes com evidente desdém e um pouco asco. Sentidos aguçados e becos fétidos... Poderes as vezes eram um saco.

– Hey, você pode comer aquele se quiser... – disse um deles que estava todo vestido de preto, com camisa e calça sociais e sapatos de couro. O outro que estava de jeans claro, sapatênis, camisa polo e era visivelmente mais musculoso demonstrou interesse.

– Ótimo! Eu gosto de... Como ele está vestido. – disse como se tivesse mudado de ideia no meio da frase.

– Sério? De como eu “me visto”? – Gregory respondeu com cinismo – Você não teria chance nem vivo. Eu até te apresentaria um amigo se você não fosse um babaca morto... Não... Com essa polo listrada nem isso.

O Vampiro avançou para Gregory que o pegou desprevenido e com um único golpe derrubou-o contra a parede do beco. Sem perder tempo Greg correu para afastar o segundo vampiro. A garota já estava encolhida no canto do beco e isso deu a Gregory algum espaço para lutar contra seu oponente. Bloqueou seus socos e devolveu-os sem precisar medir sua força. O amigo pouco sincero em relação a seus gostos havia levantado e ido auxiliar na batalha contra jovem caçador. Era óbvio que os dois eram vampiros novos, fortes, mas sem noção dos poderes que tinham e aparentemente sem quaisquer habilidades de luta, o que ficou evidente quando Greg, surrou-os com o melhor de seu Karatê shotokan.

Com os dois no chão, Greg percebeu que havia cometido um erro de amador para alguém que já conhecia essa cidade e caçava monstros há anos: saíra de casa sem estacas. Olhou rapidamente em volta e a ausência de madeira o deixou questionando por que o clichê parara de funcionar agora que seria tão bem vindo. Notou em seguida que a garota agora em silêncio e com olhos arregalados parecia usar um hashi de madeira para prender seus cabelos, avançou até ela e com um rápido “com licença” tirou–lhe o acessório. Os vampiros pareciam estar levantando e com rapidez Gregory atravessou o coração do mais próximo com o hashi fazendo com que o monstro entrasse em combustão juntamente com suas roupas pretas... E com a estaca improvisada, deixando Greg novamente desarmado diante de um monte de cinzas.

– NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!! – Gritou o outro vampiro ao notar o destino de seu companheiro de caça.

– Calma, espere... – Gregory olhou para o homem parado poucos passos a sua frente e se mostrou desarmado para a surpresa de seu inimigo. – Venha aqui. – Disse com a voz firme enquanto tirava seu sobretudo deixando seu pescoço e parte dos braços expostos. Confuso, sem ter ideia do que estava acontecendo o vampiro se aproximou, lentamente até estar a centímetros de distancia do jovem suado e com músculos pulsando pela luta.

– Eu não tenho uma estaca, – Gregory começou colocando uma das mãos no rosto da criatura, que o olhava como se no meio do deserto tivesse surgido uma máquina de refrigerantes – Então, eu só quero fazer isso... – Greg colocou gentilmente cada uma de suas mãos segurando o rosto do homem a sua frente e pulou envolvendo–o com as pernas.

– Mas o que...? – Indagou o vampiro sem entender o que estava acontecendo. Gregory sorriu e neste momento o homem investiu para beija-lo. Sem hesitar, Gregory aumentou a força de seu aperto e antes que seus lábios se tocassem quebrou-lhe o pescoço. Nesse momento se ouviu o grito de surpresa da jovem que até então observara em silencio a cena. Investindo mais força, Greg conseguiu separar a cabeça do resto do corpo e caiu sentado no chão coberto de poeira.

– Essas porcarias estúpidas estão sempre com tesão... Não me admira que morram fácil. – Resmungou – Ele realmente achou que ia me beijar! – Continuou indo em direção a garota e pegou seu sobretudo no caminho – Como se só por ser bonito e detestar as escolhas de moda dele isso me fizesse automaticamente gay... O mundo é melhor sem pessoas assim, vivas ou mortas. – Concluiu revoltado – Como você está? – adicionou de forma direta.

– Obri – ga – gada. – Respondeu. – Tem algo que eu possa fazer para agradecer? – Disse a jovem, ainda visivelmente assustada mas com mais firmeza na voz.

– Por favor, vá embora para casa. – Foi a resposta levemente exasperada.

Não precisaria se preocupar com ser reconhecido ou algo assim. A magia de Morgan’s e suas brumas faziam com que tudo fosse mais obscuro e difícil de se lembrar. Um humano comum precisaria de diversos contatos diretos e fortes com o sobrenatural para que o véu se dissipasse para ele e este tomasse conhecimento das coisas que o cercavam. Normalmente as coisas ficavam confusas e acabavam sendo esquecidas, uma sensação ruim de algo incomodo ter acontecido numa noite estranha era tudo que restava com o passar do tempo. Nenhum dos poderes, dos mais altos aos mais baixos, queria que a magia fosse conhecida por humanos e dessa forma ela própria encontrava meios de se ocultar.

A jovem saiu do beco e Gregory voltou ao telhado, acompanhando-a sem ser visto por algum tempo. Depois de vê-la entrar em uma casa decidiu seguir o rumo para a sua, afinal se fosse fazer uma patrulha de verdade precisaria de armas e jantar antes não soava ruim. No caminho não conseguiu deixar de pensar em quão mal àqueles livros de romances sobrenaturais adolescentes estúpidos estavam fazendo mal para a mente das jovens garotas. Qualquer criatura com meio cérebro teria saído correndo de uma situação dessas, enquanto aquela menina havia ficado parada e ainda perguntara se podia agradecer de alguma forma o cara que havia decapitado alguém na frente dela segundos antes... Todo mundo parecia ter perdido a noção do perigo nessa busca pelo príncipe encantado com presas... Inclusive alguns vampiros.

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