Maleficent: Poder, vingança e amor verdadeiro.

“Você não entendeu? Eu fiz isso por que não existe amor verdadeiro...”
-Maleficent


Heeey, pessoal! J Ontem a tarde (18/06) eu reuni alguns de meus melhores amigos e fui ao cinema assistir o mais recente lançamento da Disney: Maleficent... Bem, no nosso caso Malévola já que só haviam sessões dubladas. Tudo bem, a dublagem é boa e depois dos primeiros minutos até eu que só assisto coisas com áudio em português se estas tiverem mais de vinte anos, acabei me acostumando. O caso é que este foi o filme mais maravilhoso que eu assisti em muito tempo (e olha que semana passada eu vi Burlesque! Christina Aguilera, Cher, Kristen Bell...). Haviam tantas mensagens, tanta beleza, tanta intensidade que eu terminei a sessão querendo me casar com a protagonista (A Malévola mesmo, não a Jolie) e com a mente pulsando pois eu PRECISAVA escrever sobre o que eu havia acabado de ver.

Meus amigos e eu sendo lindos e poderosos. ;)

Bem, o texto a seguir conterá alguns SPOILERS o que, para quem não sabe, quer dizer que ele contará trechos e acontecimentos importantes da história. Se você ainda não assistiu Maleficent corra e vá ver o melhor filme da minha vida (depois de “Dá Magia à Sedução”) e volte para ler meus apontamentos depois. Se você não quer, não pode, ou não pretende assisti-lo, ou ainda se não se importa de ouvir a história de um filme antes de vê-lo, continue lendo e diga o que achou lá embaixo nos comentários, ok? Bem, avisos dados vamos ao que interessa.


Maleficent:  Poder, vingança e amor verdadeiro.


Maleficent é perfeito. Como história, como entretenimento audiovisual, como metáfora. O filme é estrelado pela Angelina Jolie (atriz linda, checked), produzido pelos estúdios Disney (primor visual, checked), e ao invés de ter uma princesa insonsa que fica dormindo como protagonista (ela tá lá, dormindo em várias cenas mas o pessoal percebeu que isso é meio... Irrelevante?), nós temos uma poderosíssima Anti-Heroína como foco da história (roupas legais checked, expressões faciais checked, motivações para existir checekd), tornando a história d’A Bela Adormecida muito mais interessante. Começa aí meu amor pelo filme, Malévola tem algumas das características que eu mais amo em uma personagem feminina e ao longo do filme eu consegui fazer diversas conexões com algumas de minhas personagens favoritas. Malévola tem beleza, muito poder, uma fúria intensa e o apetite para a vingança, traços que eu já via e amava em Xena o flagelo de nações, Illyria a Impiedosa, Anyanka o demônio da vingança e tantas outras.

Malévola é uma fada. A mais poderosa das fadas e protetora oficial do reino das criaturas mágicas, os Mors. Um dia um humano entra lá para roubar uma pedra preciosa e ela diplomaticamente resolve o ocorrido, a pedra volta para o lugar e ela leva o garoto para o lugar dele. Porém eles meio que vão ficando amigos, ele vem visitar e ao completar 16 anos ele dá a ela de presente o que diz ser “um beijo de amor verdadeiro”. Depois ele some. É, ele beija a moça e depois vai viver a vida, sem ligar, sem visitar nem nada. Ele quer ficar rico, ser rei e como da Malévola ele não vai conseguir nada, o moço vai cuidar de assuntos práticos e viver a vida com os humanos sem interrupções. Depois de anos o rei dos humanos decide (por inveja, falta do que fazer, necessidade dramática... você escolhe) invadir o reino dos Mors e acabar com tudo. É claro que ele e o exercito tomam uma surra colossal da Malévola e de todos os Mors, que deixam claro que ele não é e nunca será rei deles. O rei derrotado e a beira da morte diz que se casará com sua filha e será seu sucessor aquele que matar a criatura alada (Jolie para os íntimos).

You wanna a piece of me?

Gente, lembram do ladrãozinho? Virou um dos homens do rei depois que cresceu. Aí já sabe né? Com toda a boa vontade ele vai avisar à Malévola que ela está jurada de morte. Eles conversam, reatam a amizade tomam umas bebidinhas e com elas ele põe a moça para dormir. O rapaz não tem forças para mata-la e aí decide só arrancar as asas da fada enquanto ela está dormindo (Há! Sacaram o lance das sonecas no filme? É um estado de vulnerabilidade e nesse caso uma metáfora para o estupro.), e leva-las como prova de que a missão foi cumprida e ele merece ser o novo rei. E ele consegue. O amigo e amado de Malévola a trai, a violenta arrancando algo que define a sua própria identidade e a deixa drogada, ferida e sozinha para juntar o que restou de si enquanto segue feliz para a coroação.

A cena em que Malévola acorda e percebe o que aconteceu quase me fez chorar. A dor e a incompreensão da personagem de por que alguém faria tal coisa são de quebrar o coração. Por meio do uso de um corvo que ela transforma no que bem entende, nossa protagonista descobre pelo que fora traída. Ela foi um mero degrau para a subida de seu amigo ao trono. Aí o bicho pega e a coisa fica boa, é quando a dor dá espaço para o ódio e a sede de vingança. Malévola usa seu servo, o corvo Diavlo, para vigiar o castelo e mantê-la informada sobre tudo. Ela se proclama rainha dos Mors e fecha com um muro de espinhos os limites entre o reino dela e dos humanos. Depois de algum tempo nasce a filha do rei e neste momento Malévola vai em busca de sua (muito merecida na minha opinião) vingança.

Apenas observando e aguardando...

No batizado da Princesa Aurora, a fada sem asas surge para lançar sua maldição. O rei implora de joelhos por misericórdia diante de todos os súditos deixando claro que quem tem o poder naquela bagaça não é quem usa a coroa e sim a Malévola. Tocada com a atitude do rei Malévola muda o curso da maldição, ela ia colocar a princesa no sono profundo da morte ao completar 16 anos e só. Já que o rei implorou ela adicionou uma forma de quebrar a maldição: a princesa acordaria se recebesse um beijo de amor verdadeiro. Isso foi para ela uma piada cruel, pois como seu amigo agora rei a havia ensinado: “Não existe amor verdadeiro”. Malévola então volta ao seu reino para regozijar de sua vitória. Arrancara do rei e da rainha algo que nunca poderiam ter de volta, assim como fora feito com suas asas.

A verdade é que muito antes de fazer seu efeito a maldição lançada pela fada já destruiu a vida do rei. Ele perdera o respeito dos súditos, perdera a filha (que foi mandada para viver escondida com três fadas, longe de rodas de fiar até ter 16 anos e um dia), desgraçara a vida de sua rainha que adoeceu e morreu, tornara incerto o destino da nação que perdera sua única herdeira e perdeu a si mesmo pouco a pouco para a paranoia, a loucura e a amargura contra aquela a quem ele havia traído e voltara para destruir sua vida. E eu acho é pouco! Se tivesse metade do poder da Malévola eu sei que faria muito pior numa base diária com algumas pessoas. Eu conheço o tamanho da minha raiva e te digo que se eu fosse uma fada com poder de transformar corvos em dragões muita gente ia penar.

Malévola, assim como eu, sabe que morte não é punição e faz com que o rei sofra e se diverte assistindo e sendo linda (Freud explica toda essa identificação com essa personagem. Ahhahaha!). Enquanto isso ela vigia Aurora de perto e salva a vida da garota... várias vezes. As fadinhas são meio incompetentes e se não fosse por Malévola e Diavlo a princesinha teria morrido de fome, sede, caindo de penhascos e etc muuuuuuito antes das 16 primaveras. Não, a protagonista não amoleceu o problema é que se a mocinha morrer antes de que serve todo o efeito especial da maldição?  A Praguinha tem que viver até os 16 anos para provar quem é a “amaldiçoadora” mais potente do reino. O problema com a raiva? Ela passa. Tanto a minha quanto a da protagonista. Quão maior o poder empregado, maior a sensação de “ooops” quando você se arrepende. No meu caso quase não tem arrependimento, já no caso da Fada Rainha...

"Praguinha! Te odeio."

Com o passar dos anos e vendo Aurora crescer Malévola se afeiçoa a garota. A verdade é que tanto a rainha, quanto a princesa (e incontáveis soldados figurantes) acabaram sofrendo e sendo punidos pelo simples fato de estarem associados com o rei de alguma forma. A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena por que ela nunca atinge apenas o culpado. Aurora tem Malévola como sua fada madrinha oculta, e sabe que sem ela e o pequeno corvo Diavlo não teria sobrevivido, afinal as três fadinhas tem a Inteligência de um ouriço bêbado. Em um momento se encontram frente a frente, começam a conversar, Malévola passa a leva-la para visitar o reino dos Mors e o laço de amizade e carinho entre as duas cresce e se fortalece a ponto de fazer nossa anti-heroína se arrepender do que fez a recém nascida. Malévola tenta até mesmo retirar a maldição e claro que falha pois ela realmente é a mais poderosa e nem mesmo ela mesma consegue ser mais poderosa que si. Beijos recalque.

Acho que essa é uma das lições do filme. Se você tem poder para algo use com sabedoria e pense nas consequências. O rei abusou do poder que tinha sobre o coração de Malévola e ela não pensou nas propagações de sua vingança pois estava cega de ódio. O rei mereceu cada segundo da dor infligida a ele e nada vai me fazer dizer o contrário. Ele foi como qualquer outro aproveitador que acha que nunca vai ter de pagar pelo que fez. Anyanka, Veronica Mars, Malévola e todas as outras vingadoras que eu amo mostram que ele está errado e que algumas dívidas são grandes demais para serem pagas por apenas uma pessoa. Com seu ato de ganância o rei criou uma dívida para si, para sua família e para todo o país. E no fim pagou tendo tomado tudo o que pensava ter conquistado e trazendo para si e todos a sua volta desespero e sofriemento. Quero convidar a Malévola para ser a agente do Karma na minha vida, apenas.

O bicho vai pegar!


Outra lição é seu corpo só vai se curar se você deixar sua alma se curar antes. As vezes somos traídos e feridos de formas terríveis e conseguimos sobreviver mas precisamos de mais para sermos restaurados e voltarmos a viver. A raiva pode te fazer se levantar porém é preciso mais do que isso para que se possa caminhar adiante novamente. É possível se curar e conviver com cicatrizes sem ficar imerso nos acontecimentos passados. As vezes precisamos sentir que a justiça foi feita antes (como Malévola sentiu ao se vingar), outras só precisamos permitir que alguém nos cure. Aurora trás de volta a pureza do coração de malévola pelo simples fato de ser alguém que não tem nada com o barraco todo e apenas se sente grata por ter sido tão bem cuidada por sua fada madrinha. Uma hora as asas roubadas voltam à sua verdadeira dona mas só depois desta voltar a ser ela mesma e não a monarca vingativa que se tornou.

Acho que o filme também tenta dizer de certa forma que olho por olho, asa por asa não funciona. Mas considerando que Malévola consegue resolver TUDO no final e ainda sapateia na cara do rei traidor safado eu digo que 5/5 ainda é válido sim. Sou team Malévola e fica claro que a vingança trouxe satisfação. Eu também tenho a minha listinha de pessoas as quais já apreciei assistir se ferrarem, e de verdade? Não teve esse lance de vazio e pesar depois não. Foi bom pacas e se eu pudesse gravar para ver em replay eu gravava, mas essa não é a motivação da minha vida e nunca vai ser. Posso até ter os meus rancores mas também tenho muito mais o que fazer. No fim é mais ou menos isso que a Fada acaba fazendo, planeja a vingança, executa, assiste e se diverte, tenta diminuir os danos colaterais e vai cuidar de que ela nunca deixou de proteger: os Mors.

Rindo da sua inocência!

Quando o dia da maldição chega ela realmente acontece, e aí não tem essa de príncipe não. Os homens da história ou são bobos, orgulhosos, dispensáveis ou são vilões... as vezes tudo junto. Lição da vida, seja uma mulher poderosa e não precise de homem nenhum. Se você for homem e não quiser ser mulher, então seja legal e digno o bastante para merecer sentar na mesma mesa que uma dessas. Brincadeiras a parte, Malévola mais uma vez confronta seu agressor e não é verbalmente, é tiro, porrada e bola de fogo! O final é visualmente espetacular e eu queria ter visto em 3D. Claro que não vou contar, vai logo assistir!

No fim eu não sei se disse tudo o que esse filme maravilhoso me fez pensar e sentir mas até eu tenho meus limites de apreensão e reprodução. Assistam Maleficent, não vão se arrepender pois vale cada centavo e o melhor: cada segundo de filme. Ah, mais uma coisa legal: a filha da Angelina Jolie foi quem interpretou a Aurora criança por ser a única que não tinha medo da mãe caracterizada. Por fim, apenas lembrem-se: Nada é indestrutível mas há sim amor verdadeiro porém nunca pensem que sairão impunes de uma traição, a mais bela das fadas pode ser mais malévola do que a pior das bruxas.


-Miguel

Comentários

  1. Já dizia Chico Xavier que o ódio nada mais é do que um amor que adoeceu muito gravemente, e eu vi isso na Malévola. Ainda pretendo assistir de novo, mas dessa vez legendado <3

    Adorei a metáfora ao ataque sexual, fez muito sentido pra mim e eu também senti os olhos umedecerem nessa cena. Me senti absurdamente desolada e só posso elogiar a performance emotiva da Jolie - a crítica que vá pra pqp, com licença, que eu tenho bom gosto.

    Com relação à vingança, o que eu aprendi é que quem faz merda paga. Não importa como. Achei lindo a atitude da Malévola no final, mas no fim, vilões são vilões e as energias do universo se encarregam deles <3 ou a gravidade, HAHAHAHAHA!

    Ótimo post, amei as imagens!
    Beijosmil

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  2. Eu amei o filme, e seu texto teve ótimos apontamentos, tipo o lance das sonecas e o estado de vulnerabilidade... Eu sou contra vinganças, porque não gosto de agir movida pelo ódio e nem de afetar inocentes, mas o rei mereceu... Eu estou amando essa nova onda de princesas fodonas e anti-heroínas... Parabéns pelo texto... E eu vejo muito da Malévola em você ;)

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