Morgan’s Mists – O Surgimento da Cidade

Morgan’s é a cidade onde se ambientam as histórias de Gregory, Savant e Veronica, além das de muitas outras personagens minhas. A origem deste lugar nunca havia sido escrita até tempos recentes, embora eu já a houvesse concebido há muito tempo. Então publico aqui para todos que já jogaram RPG comigo (ou sem migo) nesse cenário, como a cidade onde todas as aventuras acontecem nasceu. Antes tarde do que nunca, né?
Abraços,

-Miguel






Morgan’s Mists – O Surgimento da Cidade

A despeito de sua localização, Morgan’s é uma cidade de clima incomum. Todas as cidades do estado especialmente suas vizinhas no litoral, eram conhecidas pelo sol e calor constantes apesar das mudanças esperadas com o passar das estações. A sua arquitetura também se diferenciava da das cidades próximas, Casas vitorianas, igrejas góticas e construções antigas de pedra, se misturavam a ruas cobertas por paralelepípedos na parte mais antiga da cidade.  A parte nova no entanto, continha prédios altos, avenidas largas e construções de aparência mais moderna (várias das quais haviam sido reformadas ou construídas após um pequeno terremoto ocorrido em 2010), mas ainda assim com algum charme europeu. Não faltavam árvores na paisagem da pequena (nem tão pequena assim, com seus 127.083 habitantes) cidade. Parques, bosques e calçadas arborizadas emprestam um clima quase camponês a cidade. Morgan’s Mists conseguia de alguma forma unir passado e presente, natureza e civilização, não de forma homogênea, uniforme e equilibrada, mas como se bolhas de diferentes épocas e espaços se aglomerassem.


O clima variava entre o cinza, a neblina, a chuva, dias ensolarados que se transformavam em algum dos três anteriores, e uns poucos dias de céu limpo e sol. Sendo uma cidade antiga Morgan’s tinha muitas lendas e histórias. A criação da cidade possui três versões básicas: a histórica e oficial que acompanha a maior parte das cidades, na qual famílias com interesse de prosperar naquela terra se uniram e a fizeram nascer; A fantasiosa que todos conhecem e comentam embora quase nunca acreditem, que diz que Morgan’s simplesmente surgiu do meio da neblina de uma noite para outra; e a terceira versão, que poucos conhecem e que talvez possa ser considerada a mais próxima da verdade.


A terceira versão sobre a criação de Morgan’s Mists é contada por poucas famílias de tradição mágica, conhecida por alguns místicos e estudiosos e sussurrada entre os planos por criaturas que passearam pela terra dos humanos. Ela é, assim como a cidade em si, surpreendente e difícil de se acreditar pois não há provas sobre o que aconteceu. A crença dos que conhecem a história e a mágica que corre na cidade são as únicas coisas que sustentam a teoria de como Morgan’s surgiu: do desejo da própria bruxa Morgana.


Morgana era uma das bruxas mais poderosas de toda a terra, senão a mais poderosa. Possuía poderes únicos e inimagináveis, além de ter poderosos seres mágicos como seus aliados. Ela detinha como missão a guarda das relíquias sagradas de Avalon, uma ilha mística perdida entre o tempo e a névoa, onde sacerdotisas teriam sido treinadas e trazido conhecimento e magia ao mundo por séculos antes da chegada dos cristãos. Ela também fora encarregada da proteção dos planos feéricos, todos os planos habitados por fadas e elementais, o que lhe rendeu a alcunha de Morgana das Fadas. Por volta de 400 anos atrás (não há nenhum consenso quanto a data, no entanto não há consenso quanto a muitas coisas no que se trata dessa cidade), Morgana teria chego a costa próxima do lugar onde a cidade viria a ser construída, por mar alguns dizem, através de um portal mágico afirmam outros. A segunda opção faz mais sentido, não só por Morgana seu uma bruxa poderosa (o que torna pouco provável a hipótese de uma longa viagem de barco), mas também pelo fato de que a região da cidade é circulada por diversos portais místicos, doze a volta dela e um décimo terceiro localizado em seu centro.


É contado que Morgana estava em uma missão, fugindo de inimigos e escondendo-se, não por temer por sua vida (era forte o bastante para enfrentar quaisquer feiticeiros malignos ou demônios que lhe afrontassem), mas para encontrar o lugar certo para selar e manter protegido um dos poderosos artefatos mágicos dos quais detinha custódia, e o qual ninguém parecia saber qual teria sido. A localização dos portais e a grande quantidade de energia mística tornaram aquele pedaço de terra, o local perfeito para se fazê-lo. Morgana então conjurou uma poderosa magia que escondeu o objeto no ponto onde ergueria a cidade, mas não exatamente nela, o artefato (qualquer que fosse) foi colocado em alguma intersecção entre os planos por meio do espaço que Morgan’s ocupa. Morgana trouxe à realidade, com sua mágica, o que seria o começo da cidade, porém criar uma cidade inteira era algo que levaria tempo até mesmo para ela. A feiticeira então convocou as brumas e com o auxílio da magia ocultou aquele lugar o tomando como morada para transforma-lo e dar-lhe vida. A razão de todo esse esforço era que o feitiço mais importante para consolidar toda a proteção necessária, se consolidaria com a própria vida da cidade que Morgana criava. Além de toda as outras barreiras, transposição de planos e dificuldades colocadas, qualquer um que não fosse a própria Morgana, precisaria destruir toda a cidade e acabar com qualquer vida nela para alcançar aquilo que ela escondia.


Depois de algum tempo, a feiticeira afastou as brumas que ocultavam a cidade e deixou que pessoas se aproximassem e passassem a habita-la. Pouco a pouco a cidade passou a prosperar e crescer sob os olhos cuidadosos de Morgana das Fadas. O Maior encanto estava selado e já era seguro deixar que a própria mágica seguisse seu curso na cidade que ainda não detinha o nome pelo qual é chamada nos dias de hoje. No entanto, a feiticeira percebeu que ao ter afastado as brumas, os humanos não foram os únicos atraídos para aquele local, criaturas mágicas, de todos os tipos pareciam sentir-se curiosas quanto aquele espaço particular. Além disso, o fato de ser cercada por tantos portais fazia com que todo tipo de criatura que viajasse por eles, passasse por Morgan’s. Humanos não devem saber sobre a existência da magia, era uma regra primal respeitada e protegida tanto pelos que seguiam a luz quanto pelos que seguiam as trevas. Com a intenção de proteger o sigilo em relação a magia e manter os humanos em uma ignorância saudável diante de tantos possíveis encontros com a magia, Morgana fez com que a neblina viesse sobre a cidade e fizesse parte dela, não para oculta-la, mas para nublar a mente daqueles que nela vivem. Todo humano que vivesse na cidade teria seus encontros com o sobrenatural obscurecidos e lentamente apagados de sua mente. Se esperava que Bruxas, Vigilantes e outros campeões do bem, deveriam cuidar dos cidadãos e proteger a cidade das investidas maléficas, pois seus poderes se intensificavam dentro de Morgan’s. Com isso Morgana esperava proteger o equilíbrio e sentiu-se confiante para seguir seu caminho deixando sua criação para trás.


Morgana nunca mais retornou a Morgan’s e isso fez com que brechas fossem se criando em seu feitiço, possibilitando a alguns humanos comuns, que entrassem em constante contato direto com a magia, conhecer à verdade sobre o mundo místico, vez por outra resultando em consequências desastrosas para eles mesmos (ou para seres sobrenaturais). Com o passar do tempo a descrença e a escuridão vieram a crescer no coração dos homens e com isso a magia do local foi afetada. Não só o bem se beneficiava das energias da cidade, criaturas das trevas como vampiros, feiticeiros e demônios também buscavam usar a magica inerente do lugar para seus propósitos de poder ou mesmo para facilitar sua sobrevivência. Era como se a energia benéfica inicial tivesse se tornado cinza e a cidade não mais protegia aos que lutavam pelo bem todas as vezes.



Morgan’s Mists se tornou a convergência dos interesses de muitas criaturas e forças. A tentativa de abrir seus portais todos ao mesmo tempo com a finalidade de trazer o fim do mundo, a destruição de grandes demônios, e a ascensão de outros, terremotos, mortes e ressureições místicas e todo tipo de acontecimento do mundo sobrenatural que viesse a alterar as escalas entre o bem e o mal passava em algum momento por ali. Ainda assim, Morgan’s é uma cidade que resiste. Seus moradores a amam e seguem suas vidas, a maioria deles na inocência acerca de toda a historia que os cerca. Para muitos ela é só uma pequena cidade comum, com pessoas comuns e algumas coincidências estranhas. Para outros, Morgan’s é um local a ser temido e evitado, e ainda há aqueles que a amam e tentam a todo custo protege-la e a seus moradores. Esta é uma cidade onde vigilantes, caçadoras e bruxas enfrentaram o mal, um lugar de heróis e monstros, de magia e batalhas, porém em meio a tudo isso, ainda é um lugar de pessoas comuns com vidas e histórias únicas. O lar de famílias normais como as de qualquer outra cidade, mas também o lar de indivíduos singulares que você virá a conhecer. Nem todas as histórias começam aqui, algumas terminam, mas indubitavelmente se há magia em sua vida, a sua historia em algum momento passará por Morgan’s.

                        -Miguel

Comentários

  1. Você é um excelente escritor, você descreve uma cidade em detalhes e conta a sua história sem que isso se torne chato e monótono. Além disso, consegui visualizar perfeitamente o ambiente, inclusive caminhar pelas ruas de paralelepípedo, coberta pela neblina... senti seu cheiro e a sensação de sempre haver alguém te observando, visto a quantidade de portais, magia e seres misteriosos em cada canto escuro da cidade.

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  2. Ótimos detalhes, ótimo texto e uma paixão quase palpável pelo que está escrevendo. Continue assim, moy khoroshiy drug. Orgulho de saber que vi partes da criação desse mundo e que estive nele mais de uma vez.

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